A tradição de luta com facas Italiana tem suas raízes nos ensinamentos do “Maestri D’Armi” manual de esgrima de 1350.
O período mais importante dessa arte foi entre 1850 e 1950. Durante este período o governo proibiu o porte de espadas dentro das cidades, e a faca tornou-se a nova arma – especialmente para as conhecidas “Società Onorevoli” como a Camorra, Máfia e ‘Ndragheta.
As peculiaridades dos sistemas de luta com facas italianos é o uso das linhas de esgrima, a estocada (stoccata, puntata) e o fato de consistir em algumas poucas técnicas (a maioria dos sistemas tem menos que 10-12 técnicas. Mas existem excessões).
Uma das idéias mais interessantes dos métodos italianos é a chamada “Pazziata”. A palavra deriva de “pazzia” (loucura, insanidade). “Pazziata” pode ser traduzindo como “a dança do louco”. Nem toda região da Italia usa este termo. Em Napoli costuma ser mais utlilizada. Outros chamam “Libera” ou usam nomes específicos relacionados com seus dialetos.
O objetivo desta dança é distrair e iludir o oponente. Seguidamente o praticante se movimenta utilizando todas as ações que ele conhece. Além das posturas regulares de um sistema especifico, utiliza fintas (finte), disfarces (inganni), chutes (calci), pulos (salti d’assalto), etc, dando a aparência de uma dança. Uma vez que não entende seu excesso de movimentos, um observador achará que ele é louco. É daí que vem o nome “Pazziata”.
Italia Meridional e Sul.
A maioria dos sistemas vem da Itália meridional (meridione) ou do Sul (meridione estremo). Especialmente das regiões de Lazio, Campania, Puglia, Calabria e Sicilia. As escolas regionais (scuola/ scuole) são divididas em 9 linhas principais:
1) Scuola Romana
2) Scuola Napoletana
3) Scuola Salernitana (especializada na luta com duas facas)
4) Scuola Foggiano-barese
5) Scuola Brindisino-leccese
6) Scuola Tarantina
7) Scuola Calabrese
8) Scuola Palermitana
9) Scuola Catanese
Ainda existe as escolas desenvolvidas em Sinti e Roma. Sinti e Roma desenvolveram seus sistemas próprios, que são baseados grandemente em chutes e a troca constante da faca de uma mão para outra.
Todas essas escolas regionais diferem, dependendo da cidade e/ou família de onde derivam. Praticamente todas as Scuolas Italianas ensinam o uso da faca junto com uma jaqueta/casaco na mão livre, e como lutar em lugares confinados.
Norte da Italia
Do norte da Italia (Italia Settentrionale) derivam os sistemas criminais de Milano, Torino, Genova e Venezia. Os sistemas do Norte são muito mais difíceis de serem encontrados que seus “parentes” do sul do país.
Os sistemas das regiões de Ligúria e Piemonte são influenciados pelos franceses e pelo Sinti francês. A diferença principal para os sistemas do sul é que a maioria dos sistemas do norte – especialmente os que derivam das gangues criminosas mencionadas acima – costuma lutar mais no “gioco stretto/ corto”, distância curta. Além deles gostarem de lutar com a “roncola”, uma faca ligeiramente curvada, e com facões.
Obviamente existem as artes de luta à longa distância. No norte da Italia a luta com bengalas é praticada. Este sistema deriva da esgrima clássica. Variações da luta com bengalas como o Bastone Genovese também existem.
Últimas palavras
Esta é obviamente uma descrição rápida sobre nossos sistemas. É impossível conhecer a todos, uma vez que a Italia tem provavelmente a maior variedade de arte em luta com facas do mundo. Alguns sistemas diferem completamente de outro, mesmo tendo derivado da mesma área.
Roberto Laura
Roberto Laura é um estudioso mestre das artes de combate tradicionais Italianas.
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