KFC

Bem vindo ao site do Knife Fighting Club.

O KFC é um clube nascido da união de pessoas interessadas em aprender, desenvolver e aprimorar seus conhecimentos e habilidades no uso de lâminas curtas para defesa pessoal e combate.

Neste site compilamos material para estudo teórico, a ser discutido e testado em nosso treinos.

Não aconselhamos tentar aprender algo válido de ser posto em prática apenas acompanhando a parte teórica aqui apresentada. Para tanto, recomendamos treinamento com instrutores responsáveis.

Ou ainda, juntar-se a nós, e aprendermos juntos.



NÃO ACONSELHAMOS NINGUÉM A TENTAR UTILIZAR UMA FACA PARA DEFESA PESSOAL.

NUNCA ESQUEÇA, PUXAR UMA FACA É UM BOM MOTIVO PRA TOMAR UM TIRO.

UMA FACA NÃO INTIMIDA NINGUÉM, A NÃO SER SUJA DE SANGUE.

MAS AÍ, A MERDA JÁ TERÁ SIDO FEITA.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Facas do Nordeste - Facas de Ponta


"Porque na ponta da faca
Uma barriga não erro
E um ladrão que me rouba
Até o cabo eu enterro
Pule o que for mais valente
Para eu corrê-lo no ferro"



Embora muito antigo em nosso país, o termo faca de ponta tornou-se  a designação genérica de vários tipos de  lâminas produzidas e usadas especificamente na região Nordeste do Brasil. 

A área de  produção e uso das antigas facas de ponta iniciava-se no Sul da Bahia,  abrangia  toda a região Nordeste e chegava até os  Estados do Norte, os quais nunca tiveram uma cutelaria de estilo próprio.  

Assim, ao lado dos clássicos facões de mato, as facas de ponta foram, sem qualquer dúvida, as mais utilizadas lâminas brasileiras, tanto por parte de simples  trabalhadores que participaram dos ciclos da cana-de-açúcar, do gado, do cacau e da borracha quanto pelos senhores que os comandavam.



Entretanto, não devemos  nos esquecer  que este também  foi o primeiro nome de facas brasileiras destinadas à defesa, sendo ainda interessante notar que o nome faca de ponta iniciou-se, pelo menos de forma documental, em lei (bando) de 1722,  da então Capitania de São Paulo, mas – a exceção do Rio Grande do Sul -  foi voz corrente em todas as outras regiões do Brasil  e, pelo menos até a década de 1920, sendo utilizado inclusive no sertão paulistano, conforme nos cientifica este trecho do conto "Pedro Pichorra", publicado em 1919 no livro "Cidades Mortas" de Monteiro Lobato: "...realizara o sonho de toda criança da roça, a faca de ponta. Dera-lhe o pai, como diploma de virilidade: - Menino, doravante és homem..."





Segundo registros escritos de 1817, as facas de ponta do Nordeste teriam nascido na antiga Aldeia de Pasmado, atual cidade de Abreu e Lima, no Estado de Pernambuco, embora a atividade cuteleira na região fosse bem conhecida desde 1780. Essas antigas crônicas dizem que o viajante ao aproximar-se da aldeia já ouvia  intenso e marcante som de lâminas sendo forjadas, tamanho era  o número de cutelarias que lá existia.

Naquelas regiões, as oficinas que produziam, entre outros,  itens de cutelaria eram conhecidas como tendas de ferreiro, ou simplesmente  tendas, e quando a faca era requintada costumava-se chamá-la de “faca-jóia”.

De acordo com o famoso autor Gustavo Barroso (no conto "O Patuá", em "Praias e Várzeas", de 1915), também  no Ceará do século XIX alguns cuteleiros já eram famosos: "...tinha um verdadeiro arsenal. Andava... com uma faca feita pelos Fernandes do Crato, os ferreiros mais afamados do Ceará."

Ainda nas primeiras décadas do século XIX também ficaram muito famosas as facas de ponta e punhais produzidos no Vale do Pajeú de Flores, em Pernambuco, especialmente aquelas oriundas de povoados da Serra de  Baixa Verde e tão grande foi essa fama que a essas lâminas se emprestou os nomes ora de “Pajeú”, ora de  “Baixa Verde” . Conforme alguns autores regionais e estudiosos, nessas localidades teria sido criado o característico estilo da empunhadura “embuá”, um verdadeiro ícone na configuração das facas nordestinas.






É também especialmente curioso o fato de que algumas cutelarias de Flores (PE) produziam lâminas de extrema flexibilidade, especialmente para punhais, os quais, segundo alguns autores nordestinos, “retiniam como um sino quando nelas se batia” e  apresentavam “...a técnica do enverga-mas-não-quebra, dos cortes e da perfuração sem fazer força”.

Parte do texto:" Facas de Ponta - Arma do Cangaço"  de Mario Santos Carvalho



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